BARRA DO GARÇAS – MPE flagra “cemitério clandestino” de bois em frigorífico da JBS Friboi
Uma operação de fiscalização, realizada por uma força tarefa coordenada pelo promotor Marcos Brant da Costa, da Promotoria de Saúde e Meio Ambiente de Barra do Garças (MT), flagrou um “cemitério clandestino” de gado dentro da área do frigorífico JBS Friboi.
Além do representante do MPE-MT, participaram da operação, representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT), da Vigilância Sanitária do Estado e do Município, agentes peritos da Polícia Técnica de Mato Grosso (Politec), além de agentes da Polícia Civil.
Com capacidade para abater 2.500 cabeças de gado por dia, conforme sua licença de operação, a planta da JBS Friboi em Barra do Garças é uma das maiores unidades industriais do grupo em Mato Grosso.
Há informações, não confirmadas oficialmente, de que diretores e advogados da JBS Friboi, teriam se deslocado de São Paulo para Barra do Garças, na manhã da terça-feira, 25 de março, a fim de acompanharem a operação fiscalizadora.
Durante a operação, a força tarefa percorreu locais onde se suspeitava que a empresa estaria enterrando carcaças de gado morto durante o transporte, bem como restos não aproveitáveis dos animais abatidos. Em uma área rodeada por uma mata nativa, e longe de olhares curiosos, as autoridades ambientais, com a ajuda de máquinas pesadas de escavação, desenterraram restos de vários animais, comprovando a infração legal.
Segundo uma fonte do Brasil Noticia, a operação de fiscalização na planta industrial da JBS Friboi em Barra do Garças é um desdobramento de uma vistoria realizada na segunda-feira, 24, pelo promotor Marcos Brant naquela unidade. Na visita, o promotor teria observado algumas irregularidades, quando decidiu então, aprofundar a fiscalização com uma força tarefa.
Bois enterrados – O “cemitério clandestino” de gado descoberto dentro do frigorífico da JBS Friboi configura um grave crime ambiental. A Lei Complementar 38 e o Código Ambiental de Mato Grosso exige que as carcaças dos animais mortos durante o transporte ou impróprios para o consumo humano em função de algum problema de sanidade, assim como as partes dos animais abatidos não aproveitáveis nas graxarias, devem ser incinerados.
A prática provoca a contaminação do solo e de mananciais hídricos devido ao “chorume” resultante da decomposição das partes moles dos animais enterrados.
A JBS Friboi em Barra do Garças vinha descumprindo a legislação neste quesito, conforme constatou a fiscalização da força tarefa dos órgãos de proteção ambiental.
Inquérito – Além de problemas com a renovação de licenças de operação e funcionamento, a JBS Friboi vem sendo questionada ainda em suas práticas de controle e saneamento ambiental em outras plantas industriais.
Em Barra do Garças (MT), por exemplo, o Ministério Público Estadual (MPE), abriu um inquérito para apurar denuncia de que a JBS Couros teria contaminado o lençol freático e outros mananciais aqüíferos de seu entorno.
O promotor Marcos Brandt, da promotoria de saúde daquele município, aguarda apenas os laudos da perícia técnica feita em amostras de água e solo colhidos no entorno da indústria para concluir o inquérito. “Com os laudos periciais confirmando a contaminação, teremos as provas necessárias para apresentar denuncia judicial contra a JBS Couros e até mesmo para pedir o fechamento da indústria até que os eventuais danos ambientais sejam reparados”, revelou o representante do Ministério Público.
Fonte: A Gazeta do Vale do Araguaia