Foram enterrados ontem em Santo Antônio do Descoberto, no Entorno do Distrito Federal, o casal Raimundo Nonato da Silva, de 54 anos, eMaria Margarete da Silva, de 45, além do filho,Maximus, de 11, respectivamente, sogros e cunhado do soldado da Polícia Militar Hélio Costa Vieira, de 36. Na madrugada de sexta-feira, em Goiânia, Héliomatou os três, atirou na esposa e fugiu com os três filhos após uma discussão familiar.
Os corpos foram velados na Câmara Municipal de Santo Antônio do Descoberto. Policiais carregaram o caixão de Raimundo, que era sargento da PM na reserva. Um filho de Raimundo, que mora em Portugal, não conseguiu chegar ao Brasil em tempo para acompanhar o enterro. Ele estava em um aeroporto de São Paulo esperando voo para Brasília.
Raimundo pretendia se mudar com a família para Goiânia em definitivo. Ele trabalhava em uma rádio na cidade e tinha um site noticioso. Eles passavam o réveillon com a filha, Sarah Silva Vieira Costa, de 23 anos, esposa de Hélio. Ela segue internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Seu estado é considerado regular.
O PM foi preso logo após a tentativa de fuga e continua preso no presídio militar em Goiânia. Ele alega que reagiu a uma ameaça do sogro e que não se lembra do que aconteceu após o primeiro disparo.
Brigas
Vizinhos do casal, que não quiseram gravar entrevistas, relataram já terem ouvido diversas brigas dentro da residência, mas não acionaram apolícia. Familiares confirmam o relacionamento conflituoso. “Ele tinha sim um histórico e ele era bastante agressivo. E eu acho que isso foi o estopim”, disse um parente que não quis se identificar.
Segundo a Polícia Civil, Hélio Costa Vieira estava de folga quando houve uma discussão dentro de casa e ele acabou disparando contra os parentes, usando duas armas. “Ele alega que o sogro tentou agredi-lo com uma faca e, nesse instante, ele teria efetuado um disparo. A partir daí, ele alega que não se recorda mais de nada. Inclusive uma faca foi encontrada no local e ele [Hélio] apresentava um corte no dedo”, relatou o delegado Fábio Meireles,responsável pelo caso na Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH).
Após ser preso na cidade de Goiás, Hélio foi encaminhado para a DIH, onde prestou depoimento, e, em seguida, levado para o Presídio da Polícia Militar, onde segue detido.
As armas usadas pelo PM, um revólver calibre 38 e uma pistola .40, foram apreendidas e passarão por uma perícia. O delegado Fábio Meireles disse que agora pretende ouvir familiares e testemunhas para esclarecer a motivação do crime e que tem 10 dias para a conclusão do inquérito. A mulher do suspeito, que está internada, deve ser ouvida assim que se recuperar.
Os filhos do policial foram levados para a casa de parentes.
Afastamento
Conforme a Polícia Militar, o suspeito já havia sido afastado da corporação há cerca de dois anos por problemas médicos, mas não soube precisar se foi por questão psicológica ou física. “Há dois anos, nós temos o último afastamento médico dele, mas não tenho na ficha individual dele se seria por um problema psicológico ou ortopédico”, disse o comandante do policiamento da PM, coronel Divino Alves.
Ainda segundo ele, o estresse vivido pelos policiais militares não justifica o ato supostamente cometido pelo militar. “Situação de estresse todos nós policiais vivemos, mas nem por isso pessoas são mortas em decorrência dessa situação”, opina.