com Marcelo Freixo
Acabou o mistério. O ex-policial militar, Ronie Lessa, acusado de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, revelou que Domingos Brazão foi um dos mandantes do crime, de acordo com informações publicadas pelo Intercept Brasil nesta terça-feira (23).
Lessa, detido desde março de 2019, firmou um acordo de delação com a Polícia Federal (PF). A homologação desse acordo está pendente no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Brazão possui foro privilegiado devido ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
Ao ser procurado, o advogado Márcio Palma, representante de Domingos Brazão, afirmou não ter conhecimento dessa informação. Ele acrescentou que sua única fonte de informação sobre o caso é a imprensa, pois o acesso aos autos foi negado com a justificativa de que Brazão não estava sendo investigado.
Ainda segundo a publicação, Domingos Brazão sempre negou qualquer envolvimento no crime. Já o ex-policial militar Élcio de Queiroz, também preso por participação no assassinato da vereadora, havia feito uma delação em julho de 2023, admitindo ter dirigido o carro no atentado que chocou o país em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.
Ronnie Lessa, ex-policial do Bope, foi condenado em julho de 2021 por destruir provas relacionadas ao caso. Ele, sua esposa, seu cunhado e dois amigos descartaram armas no mar, incluindo a suspeita de ter sido utilizada no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Motivação para mandar matar Marielle Franco
Em 2019, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou formalmente Domingos Brazão, ex-filiado ao MDB, de obstruir as investigações.
Após ser preso em 2017 na Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, Brazão ficou afastado do cargo de conselheiro no TCE por quatro anos, acusado de receber propina de empresários.
A principal teoria sobre o motivo de Domingos Brazão ordenar o atentado contra Marielle é a vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol e atual presidente da Embratur, com quem Marielle trabalhou por 10 anos antes de ser eleita vereadora em 2016.
Na época em que ambos eram deputados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Brazão e Freixo tiveram disputas acirradas. Brazão foi citado em 2008 no relatório final da CPI das milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedra
Freixo também desempenhou papel crucial na Operação Cadeia Velha, deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2017, cinco meses antes do assassinato de Marielle. Nomes importantes do MDB no estado, como os deputados estaduais Paulo Melo, Edson Albertassi e Jorge Picciani (falecido em maio de 2021), foram presos.
Quando debatida a federalização do caso Marielle em maio de 2020, a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, indicou que a Polícia Civil do Rio e o Ministério Público consideraram a possibilidade de Domingos Brazão agir por vingança devido à intervenção de Marcelo Freixo nas ações que levaram ao seu afastamento do cargo no Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. O relatório da ministra menciona a estreita proximidade de Marielle Franco com Freixo, sugerindo que ela poderia estar envolvida no movimento contrário ao MDB.
Com informações da Intercept Brasil