Parte do dinheiro foi usado para calar um chantagista que ameaçava contar o envolvimento do PT na morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, afirmou à Polícia Federal que “realmente acredita” que o PT tomou empréstimos do Banco Schahin, “através de laranjas”, para financiar campanhas eleitorais do partido. A declaração foi feita em depoimento prestado nesta segunda-feira e revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta terça.
Bumlai relatou aos policiais que metade desse valor de R$ 12 milhões foi destinado ao PT de Santo André, onde o partido teria sido chantageado por um empresário, Ronan Maria Pinto, que teria pedido R$ 6 milhões para não contar o que sabia sobre o caixa dois do diretório local e a relação desses recursos com o assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrida em 2002. Os outros R$ 6 milhões foram enviados ao PT de Campinas para quitar dívidas de campanha, segundo a confissão de Bumlai.
O pecuarista disse ter topado fazer o empréstimo porque queria manter boas relações com o PT e ficaria constrangido se não atendesse a um pedido do presidente do Banco Schahin, depois reforçado pela encontro com Delúbio Soares. Bumlai disse que, posteriormente, teve encontros com outro tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para cobrar a dívida.
“Gostaria de esclarecer que os negócios do Partido dos Trabalhadores com a Schahin não se limitaram ao empréstimo tomado pelo interrogado”, disse Bumlai à PF, segundo a publicação. “O interrogando acredita que Salim Schahin tenta usar este empréstimo [12 milhões de reais] para ocultar outras operações e negócios envolvendo seu grupo com o Partido dos Trabalhadores, que realmente acredita que o PT possa ter tomado outros empréstimos junto ao Banco Schahin, através de laranjas; que acredita que tais empréstimos destinavam-se à formação de “caixa dois” para campanhas do partido”.
No depoimento, Bumlai confessou que pegou emprestado 12 milhões de reais do Banco Schahin, em 2004, para repassar ao Partido dos Trabalhadores. Em um primeiro momento, ele havia negado taxativamente o ato. O amigo do ex-presidente Lula foi preso no dia 24 de novembro na Operação Passe Livre. A PF suspeita que em troca dessas operações financeiras o grupo Schahin obteve um contrato de 1,6 bilhão de reais para gerenciar o navio-sonda Vitoria 10000 da Petrobras.
O PT disse via nota oficial que todas as doações recebidas pelo partido “aconteceram estritamente dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”.
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