Campanha de Jair Bolsonaro teve mais de 154 mil inserções roubadas só neste segundo turno
A campanha de Jair Bolsonaro protocolou há pouco no Supremo petição em que detalha as provas usadas para sustentar a denúncia de que rádios, especialmente no Nordeste, deixaram de veicular mais de 150 mil inserções de propaganda eleitoral do presidente.
Os advogados anexaram o relatório (com login e senha de acesso) de auditoria de mídia realizada pela empresa Audiency Brasil Tecnologia Ltda. Também fizeram um recorte amostral de oito rádios de municípios da Bahia e de Pernambuco, que deixaram de veicular 730 inserções da campanha de Bolsonaro — beneficiando indiretamente Lula (Veja tabela abaixo).
“Para que se aquilate a gravidade da irregularidade noticiada, a título exemplificativo, pôde-se comprovar, em pequena amostragem de oito rádios (nominalmente referidas), em apenas uma semana, significativa discrepância de 730 inserções, em desfavor da campanha do candidato peticionário”, informa a petição.
Nesta amostragem, a campanha também se deparou com outro problema: excesso de inserções a favor do petista.
“Na mesma operação, pôde-se verificar a existência de uma situação ainda mais inquietante, que não se resume simplesmente a diferença entre quantidade de inserções, mas sim de um excesso de veiculação em favor da Coligação adversária, que diversas vezes extrapolou o limite de 25 inserções diárias.”
“A absoluta veracidade do que aqui exposto pode ser atestada, a título de amostragem, pela verificação da programação integral de um dia inteiro de cada uma das emissoras mencionadas na tabela acima. A mera verificação da programação normal das emissoras permitirá, a qualquer cidadão, identificar a aludida discrepância na veiculação das inserções”, diz a campanha.
Diante da acusação de Alexandre de Moraes de que a denúncia poderia ser enquadrada como tentativa de tumultuar o processo eleitoral, os advogados alegam que, antes de apresentarem a petição inicial, “os dados mencionados foram checados sucessivas vezes”.
Além disso, a campanha vai contratar uma terceira auditoria para proceder a checagem do trabalho já realizado. “Não bastasse, por extremo apego à fidedignidade das informações preliminares submetidas ao elevado crivo da Presidência, no momento do peticionamento administrativo, informa-se que estão em andamento tratativas negociais concernentes à contratação de uma terceira auditoria.”
CONFIRA AQUI A ÍNTEGRA DO PROCESSO DE FRAUDE NA PROPAGANDA ELEITORAL EM 2022 0601696-47.2022.6.00.0000-1
Algoritmo compara áudio em tempo real com spots veiculados, diz auditoria
A auditoria anexada ao pedido de processo administrativo da coordenação da campanha de Jair Bolsonaro, para apurar as 154 mil inserções de rádio a menos que a do ex-presidente Lula, detalha a metodologia utilizada pela empresa Audiency. O documento foi entregue em menos de 24 horas, prazo estipulado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.
O documento assinado por Anacleto Angelo Ortigara, Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, afirma que “que há fidedignidade dos dados
citados, bem como que, todas as formas de operações da empresa Audiency Brasil Tecnologia Ltda, podem ser demonstradas a qualquer tempo às autoridades competentes.”
De acordo com a descrição da metodologia, a Audiency cria um algoritmo/código que captura o áudio emitido em tempo real pelo streaming público das emissoras, transformando-o em dados binários. Esses arquivos binários são processados e comparados com áudios cadastrados no banco de dados da plataforma por espelhamento. A armazenagem em banco de dados, com guarda dos dados pós-processados possibilitam, inclusive, buscas retroativas.
“A esse processo de acompanhamento chamamos de checking de mídia ou auditagem de campanha e é ele que nos assegura o controle das veiculações da campanha, verificando o número de publicações ocorridas“, explica Anacleto em documento anexado à petição inicial. “Para que se realize esse acompanhamento, é fundamental termos dados que balizem as análises, e esses dados, quando devidamente tratados, abastecem um completo banco de dados com informações estratégicas importantíssimas, que permitem ao anunciante e sua agência avaliar a qualidade e eficácia de sua campanha publicitária, e o retorno do investimento realizado.”
A Audiency se colocou à disposição para fazer uma demonstração do sistema – em tempo real e off line- , submetendo-se a responder todas as questões de natureza técnica ao TSE tendo disponibilizado, inclusive, o acesso com login e senha a técnicos e/ou profissionais designados pela corte eleitoral, para a efetivação de testes.
A defesa da campanha de Jair Bolsonaro apresentou, ainda, dez pastas de arquivos de mídia disponibilizadas num drive com gravações da programação das rádios Extremo Sul, Povo, Clube, Viva Voz, 89 FM, Bispa FM, Hits FM e Integração comprovando a não veiculação do número correto de inserções da campanha do atual presidente.
“Segue link de acesso público da plataforma google drive, por meio do qual o digno Relator, sua assessoria ou o corpo técnico do Tribunal, poderão ter amplo e irrestrito acesso a todos os dados referentes à veiculação de inserções de rádio, que balizaram o estudo técnico apresentado, incluídos aqueles expressamente referidos na decisão ora em exame“, diz trecho da petição referindo-se às mídias.
Fonte: O Antagonista
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