Após manifestações, governo promete pacote de combate à corrupção e fala em reforma política
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também afirmou que "Brasil está muito longe de golpismos". Declarações foram recebidas com "panelaço"
Da redação
A presidente Dilma Rousseff vai "propor nos próximos dias" um pacote de medidas de combate à corrupção, como já prometido na campanha eleitoral de 2014, em resposta às manifestações deste domingo, que reuniram 1,5 milhão de pessoas em todo o País. A afirmação foi feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em coletiva de imprensa em Brasília. As declarações não foram bem recebidas pela população Brasil afora, com registros de "panelaços" em diversas cidades.
Na TV, Cardozo afirmou que os protestos ocorreram de forma pacífica e que as manifestações mostram que o Brasil é um país democrático, que respeita a liberdade de expressão.
"O governo, que tem uma clara postura de combate a corrupção, que tem criado mecanismos que propiciem a investigação, irá nos próximos dias anunciar algo que já era promessa de Dilma: um conjunto de medidas de combate à corrupção e à impunidade", afirmou Cardozo.
"É mportante que se frise que as ações nessa área não se encerram com essas medidas. A presidenta governa para todos os brasileiros, não só para os que a elegeram. O diálogo está aberto", completou o Ministro da Justiça.
O ministro afirmou, ainda, que essas medidas serão anunciadas "antes do que foi prometido" pela presidente Dilma, que, no discurso de posse, falou em um prazo de seis meses para a implementação do pacote anti-corrupção.
Ainda de acordo com Cardozo, o governo federal está "disposto a diálogar". Ele também defendeu a reforma política e, em especial, o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais. "Não é mais possível o financiamento empresarial de campanhas eleitorais. É necessário fechar imediatamente essa porta."
Quem também falou em nome de Dilma foi o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. Em tom menos conciliador do que Cardozo, Rossetto disse que as manifestações deste domingo foram feita "majoritariamente" por pessoas que não votaram no PT na última eleição presidencial.
Segundo Rossetto, os pedidos de impeachment de Dilma são "infundados". "As manifestações contrárias ou favoráveis ao governo ou aos governos são legítimas. O que deve ser condenado é o golpismo, a intolerância, o impeachment infundado que agride a democracia, a violência."
O ministro da Secretaria-Geral também admitiu, em sua fala, que o mau momento econômico do País favorece as manifestações contrárias ao governo. Ele defendeu, ao mesmo tempo, as medidas de austeridade adotadas em 2015. "O fato é que a economia chegou ao fim de 2014 abaixo do que esperávamos. Todos nós temos responsabilidade, o governo em especial, de sustentar um padrão de crescimento que promova o emprego e a renda. O objetivo das medidas é arrumar as contas públicas para retomar o ambiente de crescimento, geração de emprego e renda e manutenção de medidas sociais que tornaram este país mais igualitário."
Panelaço
Enquanto os ministros falavam, diversas cidades brasileiras registraram episódios de "panelaço". Em São Paulo, gritos de "Fora, Dilma" e "PT corrupto" foram os mais ouvidos.
No Rio de Janeiro, as pessoas foram às sacadas dos prédios para manifestar o descontentamento com o governo e, em especial, com a presidente Dilma. Carros buzinavam e pessoas gritavam nas ruas.
Nas redes sociais, internautas registraram manifestações semelhantes em cidades como Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) e Brasiília (DF).