A ex-senadora Marina Silva (PSB) voltou a defender hoje que a estabilidade econômica brasileira se iniciou no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e disse que aprendeu a lição com “o próprio presidente Lula”. Marina afirmara no início da semana que era preciso creditar o governo FHC e o PSDB pelos avanços econômicos do país “para não fazer injustiça”.
Hoje, após participar de evento comemorativo dos dez anos do programa Bolsa Família, Lula disse que a ex-ministra precisava “parar de aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando” sobre a economia. Lula afirmou que o Brasil tem hoje mais estabilidade do que em 2003, quando ele assumiu a Presidência pela primeira vez.
Questionada sobre o tema antes de proferir palestra em Curitiba, Marina disse que não havia tomado conhecimento das declarações de Lula e nem queria se precipitar, mas que ele próprio havia reconhecido que iria manter as conquistas econômicas do país quando assumiu.
“Quanto à ideia da manutenção da estabilidade econômica, quem me deu a lição foi o próprio presidente Lula, quando ele assinou a ‘Carta ao Povo Brasileiro’”, disse, em referência ao documento que o petista lançou ainda como candidato à Presidência, em 2002.
A carta foi uma sinalização ao mercado, que passava por instabilidade diante da perspectiva de eleição de Lula, que o então candidato petista manteria os fundamentos da política econômica vigente à época, como combate à inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante.
“Foi um gesto grandioso”, disse Marina, sobre a carta. Para a ex-senadora, as conquistas recentes do país, como a democracia, a estabilidade econômica e a inclusão social, precisam ser “institucionalizadas, e não fulanizadas”.
“Não precisamos tratar as boas conquistas como se fossem apenas de um governo, de um partido. São conquistas de toda a sociedade brasileira.”
Palestra
Durante a palestra, promovida pela rádio CBN Curitiba, Marina ainda afirmou que “não pode reescrever a história”. “A estabilidade econômica tem como locus [local específico] o governo do Fernando Henrique. Eu não posso reescrever a história. Eu não posso dizer que não foi no governo dele que começou. Assim como não posso dizer que foi no governo Lula que começou”, disse.
A ex-senadora também destacou que a estabilidade econômica, apesar de ter começado no governo FHC, “não é mais do PSDB nem dele”. “Independente de partido ou governo, essas conquistas têm que ser mantidas e aprofundadas, porque são da sociedade brasileira.”