29/02/2016

DiCaprio leva o Oscar de melhor ator. Mas, Spotlight surpreende como melhor filme


A 88ª edição do Oscar começou envolta em controvérsias para terminar com surpresas. Spotlight – Segredos Revelados, do diretor Tom McCarthy, correu por fora e levou o prêmio de melhor filme, deixando para trás o favorito O Regresso, o popular Mad Max: Estrada da Fúria e o forte A Grande Aposta. O longa, que acompanha a investigação de um grupo de jornalistas sobre casos de abuso sexual de crianças por padres, arrebatou o Festival de Toronto em setembro do ano passado, foi apontado como um possível forte concorrente ao Oscar, mas depois perdeu força durante a atenção em torno de longa com Leonardo DiCaprio. Para a surpresa de muitos, Spotlight confirmou seu favoritismo na cerimônia deste domingo.
O grande vencedor da noite em número de estatuetas foi Mad Max, que conquistou seis prêmios, todos em categorias técnicas. Em seguida, O Regresso aparece com três vitórias: fotografia, para Emmanuel Lubezki; diretor, para Alejandro Iñarritú; e ator, para, finalmente, DiCaprio.
As demais estatuetas da noite acabaram pulverizadas entre os indicados. O Quarto de Jack levou o esperado prêmio de melhor atriz para Brie Larson; Alicia Vikander, por Garota Dinamarquesa, superou Kate Winslet e ganhou como atriz coadjuvante; e Mark Rylance, até então a zebra, conquistou o troféu de ator coadjuvante por seu papel como um espião soviético em A Ponte dos Espiões. Já o filme A Grande Aposta, que tinha potencial para levar a principal honraria da noite, ganhou apenas a categoria de melhor roteiro adaptado.
Outra surpresa da noite foi a vitória de Ex Machina por efeitos visuais. O longa sobre inteligência artificial deixou para trás Mad Max, Perdido em Marte, O Regresso e Star Wars. Quem também chegou sem avisar – e não agradou muito – foi Sam Smith, que conquistou o Oscar no lugar de Lady Gaga na categoria de canção original, com Writing’s on the Wall, do filme 007 Contra Spectre.
Controvérsia racial – Assim que divulgou os indicados do ano, a Academia se se tornou alvo de críticas pela falta de diversidade racial entre os selecionados, especialmente na categoria de atuação. Atores negros, como Will Smith, e diretores, como Spike Lee, anunciaram seu boicote à cerimônia.
Contra as expectativas, muitas personalidades negras compareceram à premiação — aliás, foram eles boa parte dos apresentadores da noite. Ficou nas mãos de Chris Rock, o apresentador da festa, dar um jeito de contornar o assunto. Com um ótimo jogo de cintura e a acidez necessária, o comediante ironizou a polêmica ao logo de toda a premiação. Todos os lados foram atingidos pelas piadas de Rock, que criticava a Academia ao mesmo tempo em que alfinetava a família Smith pelo tal boicote. Disse que não podia boicotar nada, já que está desempregado. Ele também entrevistou negros na rua perguntando quais filmes dos “brancos do Oscar” eles tinham assistido (a maioria, não viu nenhum dos indicados).
Em seu melhor momento, o ator, e outros intérpretes negros, surgiram na pele de personagens dos filmes concorrentes. Rock encarnou o astronauta de Perdido em Marte no lugar de Matt Damon. Porém, ele é abandonado no planeta, afinal, seria muito caro usar “dólares dos brancos para buscar um negro em Marte”. A torcida geral é que Rock e seu humor afiado voltem a comandar o prêmio novamente no ano que vem.

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