Marqueteiro de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em campanhas eleitorais que os elegeram à Presidência da República, João Santana recebeu US$ 3 milhões em contas secretas no exterior de offshores controladas pela empresa Odebrecht, afirmou a Polícia Federal, nesta segunda-feira (22). Ele, que está no exterior, teve sua prisão temporária decretada na 23ª fase da Operação Lava Jato.
A investigação afirma que foram identificados três depósitos para uma conta na Suíça identificada como sendo de Santana, cuja mulher, Mônica, na República Dominicana com ele, também teve a prisão decretada por envolvimento nas irregularidades.
Identificados por meio da colaboração do banco Citibank de Nova York, parte dos tratados internacionais contra a corrupção com os quais a Lava Jato trabalha para levar à frente a investigação, os pagamentos foram realizados em três parcelas, entre 2012 e 2013
A suspeita da Polícia Federal é de que Santana, acusado de lavagem de dinheiro, adquiriu um apartamento em São Paulo por R$ 3 milhões com o montante recebido da empreiteira, imóvel cujo preço seria incompatível com a renda do marqueteiro. Santana foi responsável pelas campanhas que elegeram Lula, em 2005, e Dilma, em 2010 e 2014, à Presidência da República.
Além de Santana e sua mulher, outros dois mandados de prisão foram emitidos para suspeitos que estão atualmente no exterior: Fernando Migliaccio da Silva, operador da Odebrecht, e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, um dos executivos da empreiteira.
Dinheiro para campanha
A investigação também encontrou em um email secreto de Fernando Migliaccio uma planilha com registros de despesas de financiamento de campanhas eleitorais com referência ao Partido dos Trabalhadores, que seria o beneficiário. O documento de Excel foi criado por Maria Lúcia Guimarães Tavares, presa nesta segunda-feira em Salvador.
Com o título “MO”, que a PF acredita ser uma referência a Marcelo Odebrecht, a planilha traz números de pagamentos feitos entre 2008 e 2012, inclusive no exterior. Além disso, o operador da empreiteira tinha no endereço dois extratos bancários, um deles da Construtora Del Sur, com sede no Panamá, para despesas indevidas a funcionários da Petrobras.
“Pelo extrato digitalizado, a empresa foi usada para pagar vantagem indevida a funcionários públicos da Argentina – a Odebrecht tinha contratos com aquele país. O documento foi digitalizado dentro da Odebrecht argentina, o que robustez à tese de que a Odebrecht é a controladora da Del Sur”, afirmou a PF.
O Ministério Público Federal pediu novo prisão de Marcelo Odebrecht, atualmente preso na carceragem da PF de Curitiba, mas teve a solicitação negada pelo juiz Sérgio Moro. A justificativa do procurador Carlos Lima para o pedido é de que existem indícios de que o empresário tentou obstruir as investigações ao transferir funcionários para o exterior.
Além disso e das transferências a Santana, Marcelo teria controle sobre o pagamento a essas pessoas, bem como outros feitos por meio de offshores ao ex-ministro José Dirceu.
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