21/10/2013

Economista da USP mostra que empresários brasileiros estão no bolso do Governo do PT


O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, principal guru de Marina Silva na área econômica, concedeu uma entrevista à jornalista Eleonora de Lucena, da Folha, na qual previu que a Rede Sustentabilidade terá grandes dificuldades para obter adesões empresariais – muito embora já tenha o apoio de grupos econômicos de peso, como o Itaú, de Neca Setúbal, e a Natura, de Guilherme Leal.
Ex-professor da USP, do Insper e de Cambridge, ele aponta uma suposta cooptação dos empresários pelo governo federal. “O que me entristece é ver boa parte do empresariado brasileiro tutelado pelo governo e neutralizado na sua capacidade de crítica pelo fato de depender de obséquios, favores, subsídios e proteção que o governo oferece. O empresariado brasileiro em boa parte se comporta como súdito e não como cidadão. O governo abriu esse balcão de negócios. Começou a negociar caso a caso tarifa de proteção para setor, a abrir os cofres dos bancos estatais para os empresários. Como é que um empresário que está dependendo de um crédito de um banco estatal vai poder aparecer publicamente criticando o governo? Ele fica tolhido. A elite empresarial está no bolso do governo”, diz Giannetti da Fonseca.
Na mesma entrevista, Giannetti também afirma que Marina seria “menos estatizante” do que a presidente Dilma Rousseff. “Não entendo um governo que coloca tanta ênfase num trem bala e deixa esquecida a questão do saneamento básico”, diz o economista, disparando contra o governo Dilma.
Ele afirma que o modelo seria semelhante ao do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o primeiro do ex-presidente Lula, ancorado no tripé câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e metas de inflação. “Não vamos reinventar a roda. Vamos continuar o que estava funcionando muito bem no Brasil, que é o tripé”, diz ele. Foi quando se plantaram as bases de um crescimento melhor no Brasil. FHC privatizou, quebrou monopólios, acabou com a discriminação do capital estrangeiro, fez a lei de responsabilidade fiscal. No primeiro governo Lula, a agenda microeconômica foi formidável, porque melhorou o ambiente de negócios: nova lei de falências, alienação fiduciária, crédito consignado. Estava indo bem.”

19/10/2013

Imperdível! Homenagem maravilhosa do cantor Leonardo, através de uma linda música, aos 80 anos de Goiânia.

Imperdível! É simplesmente maravilhosa a homenagem, através de uma linda música, que o cantor Leonardo está fazendo para a cidade de Goiânia nos seus 80 anos de existência. Só grandes goianos como Leonardo para fazerem algo tão lindo pela nossa capital. Há mais goianos especiais fazendo outras coisas maravilhosas pela nossa querida Goiânia. Assista o vídeo!


18/10/2013

Marconi Peerillo entrega benefícios e autoriza obras estratégicas para Caldas Novas


Às vésperas das comemorações dos 102 anos de emancipação política de Caldas Novas – segunda-feira, 21 – o governador Marconi Perillo autorizou, hoje, obras e assinou benefícios para a cidade. No pacote de obras, duas se destacam: a duplicação da GO-213, que liga o município a Morrinhos e o término no anel viário, um trecho de 10 quilômetros que faltavam para completar a circunferência viária ao redor da cidade.
Caldas Novas - Foto. Lailson Damasio (5)
O governador também autorizou o início das obras de construção de unidade do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (Credeq), no valor de R$ 21 milhões. A Prefeitura doou o terreno e o Estado construirá a obra física.
No leque de benefícios, Marconi entregou 32 escrituras para moradores do Bairro Boa Vista e 244 cheques do programa Mais Moradia Melhoria, no valor de R$ 3 mil cada.
Caldas Novas - Foto. Lailson Damasio (7)
O prefeito Evandro Magal (PP), ao dar as boas vindas ao governador, disse que Marconi faz um governo de grandes realizações e é um parceiro de primeira hora dos municípios. Marconi retribuiu as palavras do prefeito, afirmando que Magal faz uma grande administração em Caldas, contando com o apoio de importantes líderes, como a deputada federal Magda Moffatto e do vice-prefeito Marco Aurélio Palmerston – o Marquinho do Privé.
Em entrevista coletiva, logo após assinar as ordens de serviço, o governador ressaltou a importância de Caldas Novas no contexto do turismo brasileiro. Pontuou que a duplicação da GO-213 dará ainda mais comodidade aos turistas de todo o País que frequentam Caldas Novas e Rio Quente, para curtirem as águas termais. Segundo Marconi, a duplicação da rodovia também reforçará o agronegócio de duas das mais importantes cidades de Goiás – Caldas Novas e Morrinhos.  Ressaltou ainda que tem uma relação de afetividade com Caldas Novas que, desde o primeiro mandato, sempre procurou levar obras e benefícios constantes para a cidade.
Caldas Novas - Foto. Lailson Damasio (19)

Operação Tarja Preta: três prefeitos são afastados do cargo a pedido do MP em Goiás


Os prefeitos Aurélio Mauro Mendes, de Aragarças; Otair Teodoro Leite, de Piranhas, e Delson José dos Santos, de Carmo do Rio Verde, detidos na última terça-feira (15/10) por terem participação no esquema investigado pela Operação Tarja Preta, foram afastados do cargo nesta sexta-feira (17/10) pela Justiça de Goiás. As decisões foram proferidas pelos juízes Paulo Afonso de Amorim Filho (no caso de Aragarças e Piranhas) e Cristian Assis (em relação a Carmo do Rio Verde).
As decisões judiciais também determinaram o afastamento dos cargos de outros sete agentes públicos dos três municípios. Em Piranhas, foi afastada a secretária de Saúde, Eliane Lizarda de Oliveira Dias; em Aragarças, o assessor jurídico da prefeitura,Emerson Ferreira Coelho Souza, a pregoeira Daiane Cristina de Oliveira Rohden e a servidora Suelen Freire de Almeida, e em Carmo do Rio Verde, os agentes Celsa Antônia de Oliveira AndradePedro Henrique Santos da Silva e Charlene Couto Chaves Jardim.
O bloqueio de valores nas contas bancárias dos réus também foi ordenado pelos juízes nas três liminares. No caso de Aragarças, a quantia a ser bloqueada pelo sistema BacenJud é de R$ 646.031,66; em relação aos réus de Piranhas, o valor é de R$ 50.581,30, e, na ação cautelar de Carmo de Rio Verde, a medida abrange R$ 258.742,71.
Em duas decisões, estão incluídas contas de três das empresas investigadas na operação: a J. Médica Distribuidora de Materiais Hospitalares Ltda, Pró-Hospital Produtos Hospitalares Ltda – EPP e Única Dental Vendas de Produtos Odontológicos e Hospitalares Ltda – ME. Caso o saldo nas contas seja insuficiente, foram autorizados pelos magistrados o bloqueio de bens móveis e veículos, no caso de Piranhas e Aragarças, e de imóveis e veículos, na liminar de Carmo do Rio Verde.
Outro pedido deferido pelos juízes nos três casos foi a suspensão dos efeitos jurídicos dos contratos celebrados entre os municípios e as empresas, referentes à aquisição de medicamentos e materiais hospitalares. Esta foram as primeiras liminares de afastamento concedidas pela Justiça na série de ações cautelares propostas pelo MP-GO como desdobramento da Operação Tarja Preta, deflagrada na terça-feira (15/10). Os pedidos abrangem os agentes públicos investigados por envolvimento com as vendas fraudadas e superfaturadas de medicamentos e equipamentos hospitalares e odontológicos para prefeituras.

Revista Isto É mostra Rubens Otoni (PT), Antônio Gomide (PT), e Armando Virgílio como pupilos de Carlos Cachoeira.


A Revista Isto É desta semana trás uma reportagem especial sobre o estado de Goiás que já está dando muito o que falar. A revista de circulação nacional traz algumas informações que são nitroglicerina pura em se tratando da política goiana. Segundo a Isto É, o contraventor Carlos Cachoeira, famoso por sido o motivador da CPI do Cachoeira, teria formado seu exército político para voltar com força total ao poder. A revista diz claramente que Cachoeira escalou o seu time político para as eleições de 2014 com sua esposa Andressa Mendonça (PSL), deputado Rubens Otoni(PT), Prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT) e o deputado Armando Virgílio (SDD). Confira a íntegra da reportagem da Isto É!

A musa do bicho entra na política

Bonita e vaidosa, a empresária do ramo de biquínis Andressa Mendonça é a nova arma do bicheiro Carlinhos Cachoeira para voltar ao centro do poder

Andressa
A BELA
Josie Jeronimo, de Goiânia
Na campanha, ela será apresentada como empresária e assistente social Dona de uma loja de lingeries e biquínis, a desinibida empresária Andressa Mendonça, 31 anos, não hesita em exibir seus atributos físicos para fazer propaganda dos produtos que vende (a foto acima está aí para provar isso). Andressa adora mesmo os holofotes. Casada com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, ela sempre fez questão de dar demonstrações explícitas de afeto. Ao visitar o marido na cadeia, costumava mimá-lo com afagos – diante dos próprios agentes penitenciários. Numa ocasião, enquanto o contraventor prestava depoimento, chamou a atenção dos policiais por passar longos minutos conferindo fotos em um tablet. Detalhe: eram sempre retratos dela própria, em situações das mais diversas. Vaidosa, bonita e dona de um corpão, Andressa agora quer entrar na política. Há alguns dias, filiou-se ao PSL de sua terra natal, Goiatuba, cidade a 150 km de Goiânia. Seu objetivo é candidatar-se a deputada federal em 2014. Mas a nova e surpreendente empreitada da “musa do bicho”, apelido que ganhou depois de casar com Cachoeira, não tem nada a ver com o apreço dela pelas câmeras de tevê. O que está por trás de sua candidatura é um plano elaborado pelo bicheiro para se reaproximar do centro do poder. 

Devastados pela divulgação das escutas da Operação Monte Carlo, parlamentares ligados a Cachoeira passaram os últimos dois anos no limbo político ou, como ele, na cadeira reservada aos réus. Sem poder contar com aliados de imagem já desgastada, o bicheiro quer voltar à cena política de Goiás para remontar sua bancada no Congresso. O trampolim para isso será a musa Andressa Mendonça. “Ela vai representar o eleitorado feminino, porque mostrou ser uma pessoa de fibra”, afirma o presidente do PSL de Goiás, Dário Paiva. Andressa será apresentada como empresária dedicada, uma assistente social meiga e uma mulher forte que enfrentou os dissabores de se casar com uma figura de vida polêmica.
Cachoeira
O BICHEIRO
Além de usar a mulher para chegar a Brasília, Cachoeira pretende aliar-se a siglas nanicas e, assim, ganhar musculatura para seu projeto. Ele já se aproximou do PMN e do novato Solidariedade. Sua meta é formar uma frente partidária de pelo menos seis legendas. A cada 170 mil votos conquistados, a frente fará um deputado federal. Fora da frente partidária das siglas nanicas, o PT de Goiás também mantém relações com o contraventor. O favorito para a vaga do Senado que será renovada no ano que vem é o prefeito de Anápolis, Antonio Gomide (PT), citado nas investigações da Operação Monte Carlo. O irmão de Gomide, o deputado Rubens Otoni (PT-GO), chegou a ser flagrado em vídeo negociando com Cachoeira apoio para sua campanha política. Gomide foi procurado pela reportagem de ISTOÉ, mas não quis dar entrevista.
Isto é Arte
Pouca gente se atreve a falar mal do contraventor ou rejeitar a sua presença nos palanques. Nas eleições municipais do ano passado, Cachoeira estava preso e fez minguar a corrida eleitoral de muitas cidades de Goiás. O bicheiro sempre foi um generoso doador de campanha e o mote das investigações da Polícia Federal contra ele foi a retribuição dos recursos na forma de contratos generosos com governos. Além da ascendência que mantém sobre obras da construção civil e o dinheiro de suas empresas da indústria farmacêutica, Cachoeira dispõe de um considerável grupo de comunicação para colocar à disposição de seus apoiados políticos. No nome de seu ex-cunhado, o bicheiro tem uma empresa de publicidade e propaganda, uma rádio e uma emissora de televisão. Agora, ele tem também uma bela mulher para atrair votos – e levá-lo de volta ao poder. 

17/10/2013

A caminho de ficar inelegível. MP-GO aciona Vanderlan por improbidade.


O ex-prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso, está sendo acionado pelo Ministério Público pela prática de ato de improbidade administrativa, em razão de irregularidades ocorridas na desapropriação de dez imóveis para instalação da biblioteca central do município. De acordo com o promotor de Justiça Glauber Rocha Soares, autor da ação, o Tribunal de Contas dos Municípios aplicou três multas contra o ex-gestor, no valor total de R$ 10.600,00.
Ele explica que o TCM se baseou num termo de acordo, decorrente de desapropriação de bens imóveis celebrado em 2009 entre o município e dois proprietários de imóveis, no valor total de R$ 550 mil. Esse acordo tratava da desapropriação de dez imóveis, área que seria destinada à instalação da biblioteca. As multas foram aplicadas por três irregularidades diferentes, ocorridas no curso da desapropriação, sendo elas a falta de laudo de avaliação por comissão designada para a tarefa, conforme prevê norma do próprio TCM.
Vanderlan também não comprovou a concessão da devida publicidade ao decreto expropriatório e ao termo de acordo, e não cumpriu o prazo de remessa do termo de acordo ao TCM. Conforme esclarece o promotor, as condutas adotadas pelo ex-prefeito, além de serem passíveis de imputação de multa por parte do TCM, configuram atos de improbidade administrativa, sujeitas às sanções legais aplicáveis no âmbito do Judiciário.
O MP requer, portanto, a condenação de Vanderlan Cardoso, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa. A assessoria do empresário diz que ele se pronunciará após se informar do teor da denúncia.  
(com informações de Cristiani Honório, da Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)

Governador do diálogo, Marconi Perillo, recebe trabalhadores sem terra no palácio.


Uma comissão representativa dos integrantes dos movimentos sociais ligados ao campo que ocuparam as dependências externas da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, na desta quarta-feira (16), foi recebida no final da tarde pelo governador Marconi Perillo. O encontro só foi possível depois que os manifestantes aceitaram deixar a sede da Sefaz em troca de uma reunião com o governador, os secretários da Fazenda, José Taveira, e da Segurança Pública, Joaquim Mesquita, além do chefe do Gabinete Militar da Governadoria, coronel Adailton Florentino.
A manifestação de hoje marcou, em todo o mundo, o Dia Internacional da Alimentação. Ocupações, como a ocorrida em Goiânia, foram registradas em todos os estados brasileiros e em praticamente todos os países de todos os continentes.
Cerca de dez representantes dos camponeses discutiram, com o governador e equipe, uma extensa pauta de reivindicações, que vai desde melhorias em estradas, saneamento básico, moradias, educação e cultura, até a concessão de crédito para a produção. “Eles estão querendo fixar suas famílias no campo, um movimento inverso ao que ocorre hoje no mundo, quando muitos querem deixar a zona rural para se estabelecer nas cidades. Portanto, é um movimento que tem um objetivo muito nobre”, declarou o governador durante entrevista coletiva à imprensa.
Marconi afiançou que muitas das reivindicações apresentadas poderão ser atendidas. Outras, precisam ser melhor avaliadas. “Vamos verificar o que é possível fazer dentro da legislação”, informou à comissão.
Para que todos os itens da pauta possam ser analisados em detalhes, o governador definiu no encontro a criação de um grupo de trabalho. Em nome dele, o grupo vai coordenar um diálogo permanente com os representantes das entidades. Coordenado pelo superintendente Executivo da SSP, coronel Edson Araújo, e pelo secretário da Agricultura, Antônio Flávio de Lima, o grupo irá discutir as demandas “para que possamos, num curto espaço de tempo, atender aquelas reivindicações que estão ao nosso alcance”, afirmou Marconi.
Na avaliação dele, a conversa foi respeitosa. “Foi uma manifestação pacífica e ordeira. E por isso fizemos questão de recebê-los aqui no Palácio das Esmeraldas, para juntarmos forças no sentido de atender tudo aquilo que estiver ao alcance e for da alçada do Governo do Estado”, salientou.
“O mais importante – prosseguiu o governador – é que nós estamos abrindo um diálogo para buscar resultados que fixem essas pessoas no campo e deem a elas condições de trabalhar com dignidade. Não adianta doar terra sem dar condições para que elas produzam. Tudo o que pudermos fazer para fixação de pessoas no campo, nós procuraremos fazer. As cidades estão inchadas, as pessoas estão com dificuldades para conseguir bons empregos. Todos nós – governos federal, estaduais e municipais – precisamos estabelecer políticas públicas que deem condições a essas famílias de se organizarem no campo. Isso será bom para todos”, finalizou.
O presidente da Fetaeg, Alair dos Santos, disse que o movimento vai avaliar o resultado do encontro. “Podemos adiantar que é um sinal que o governador nos dá no sentido de discutir a pauta, atender alguns pontos. O importante é que o governador, sob seu comando, abre um processo de negociação que nos permite discutir o que será possível fazer para que possamos retomar as discussões num período mais breve possível”.

Governo do PT dá desfalque bilionário no Fundo de Garantia dos trabalhadores.


Lucro do Fundo cresce 938% em 11 anos, mas retorno do trabalhador é só de 69% e perde da inflação

Se fosse uma empresa, teria registrado o segundo maior lucro do país no ano passado, R$ 14,3 bilhões, menor apenas do que os R$ 21,8 bilhões da Petrobras. Mas como é uma poupança do trabalhador, paga pelos patrões e administrada pelo governo, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) exibe um resultado bastante incomum em seu balanço: em meio a uma série de números positivos, o único a perder dinheiro é o trabalhador, que é o dono do patrimônio.
Entre 2002 e 2012, o lucro do FGTS deu um salto de dez vezes (938%) e o patrimônio líquido — dinheiro que o governo usa para investir em infraestrutura — cresceu 433%. O valor recebido pela Caixa para administrar as contas subiu 274% e chegou a R$ 3,3 bilhões no ano passado, e o total depositado aumentou 142%. Já o valor total dos juros e da correção monetária creditados nas contas dos trabalhadores ficou em R$ 8,2 bilhões em 2012, uma alta de apenas 19% na comparação com 2002. E o rendimento das contas nesses 11 anos foi de só 69,15%, bem abaixo da inflação acumulada no período medida pelo INPC (103%), revela estudo inédito elaborado pelo Instituto FGTS Fácil.
— Enquanto o Fundo vai muito bem obrigado, o trabalhador está muito mal, porque, ao não receber nem a atualização monetária, o dinheiro diminui. Não questiono as funções sociais do FGTS, mas se mesmo com isso, com as doações para o Minha Casa, Minha Vida, o Fundo dá lucro, por que o trabalhador precisa ter prejuízo? O governo está ganhando dinheiro com o Fundo, a Caixa ganha, com saldo menor os empresários pagam menos multa. Só o trabalhador perde — diz Mario Avelino, presidente do FGTS Fácil.
A causa do descompasso é a regra de correção das contas: Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano. Num cenário de juros mais altos, a TR compensava ou até superava a inflação e os 3% eram ganho do trabalhador. Com a queda dos juros, o Banco Central foi reduzindo a TR para evitar o rendimento excessivo da caderneta de poupança e a fuga de recursos dos títulos da dívida pública; e também o encarecimento dos financiamentos habitacionais. Assim, a taxa chegou a ficar negativa e ultimamente está próxima de zero, o que faz com que as contas do FGTS sejam corrigidas só pelos 3% ao ano, com a inflação em torno 6%.
— Com juros altos, nenhuma aplicação em TR rivalizaria com os títulos da dívida pública, então não havia problema. Mas como está tudo amarrado, a TR corrige poupança, financiamentos. Isso interfere na gestão da dívida; se importou essa perda real para a conta do FGTS. É um problema, porque é uma poupança que a pessoa não tem opção de não fazer. E uma grande contradição, pois o mercado de trabalho melhora, o patrimônio do Fundo cresce porque mais gente se formaliza, há mais depósitos, mas há essa rentabilidade negativa nas contas individuais — analisa Leandro Hoire, técnico do Dieese, que participou da elaboração de estudo sobre o Fundo de Garantia e a TR.
Empréstimos do fundo rendem mais
Além de programas subsidiados, como o Minha Casa, Minha Vida, o dinheiro do FGTS é investido em títulos públicos e financia outras linhas de créditos habitacionais e obras de saneamento e infraestrutura. Em todas, cobra juros maiores do que os 3% que remunera as contas.
— De 1999 para cá, o governo vem manipulando a TR e causando perda enorme, o maior assalto já praticado contra o trabalhador. O FGTS só tem servido para dar lucro à Caixa — diz o deputado Paulo Pereira do Santos (Solidariedade-SP), o Paulinho, ex-presidente da Força Sindical. A Força está liderando uma campanha pela briga na Justiça pelos prejuízos. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) reconhece as perdas, mas ressalta as características especiais do Fundo.
— O FGTS não pode ser tratado como ativo financeiro, porque investe em projetos que são revertidos para a sociedade. Como cotista, não recebo retorno individualmente, mas recebo como benefício social, como saneamento. Não se pode olhar o Fundo simplesmente como investimento — diz Claudio Gomes, representante da CUT no Conselho Curador do FGTS.
Num período de 12 anos analisados pelo Dieese (de 2000 a 2011), o retorno obtido pelo Fundo ao investir seus recursos foi praticamente o dobro do creditado nas contas do trabalhador. Em 2011, por exemplo, a rentabilidade média chegou a 9% e o crédito para cotistas, a 4,2%.
São esses ganhos, somados aos depósitos feitos pelos patrões e descontadas todas as despesas, que compõem o lucro líquido do Fundo. Os R$ 14,3 bilhões de lucro no ano passado representaram um salto em relação aos R$ 5,3 bilhões de 2011 e já incluíam os mais de R$ 6 bilhões destinados ao Programa Minha Casa, Minha Vida. Sem isso, o lucro chegaria a R$ 20 bilhões. Mas foi um ano atípico, explica o superintendente nacional de FGTS da Caixa, Sérgio Antônio Gomes.
— O lucro efetivo do ano passado foi de R$ 14,3 bilhões, mas parte desse valor foi resultado de reversão de provisão. Ou seja, havia reserva de R$ 11,7 bilhões para pagar os trabalhadores que ainda buscam receber perdas dos Planos Verão e Collor na Justiça. No ano passado foi feito novo estudo, essa provisão caiu a R$ 4,2 bilhões, e os R$ 7,5 bilhões voltaram para conta do Fundo — diz.
Esse dinheiro, como todo o restante do lucro, não vai para as contas dos trabalhadores, mas para o chamado patrimônio líquido, que já soma R$ 55 bilhões e alimenta o FI FGTS, fundo do qual o governo pode usar até 80% para financiar obras de infraestrutura e saneamento.
Governo tem maioria no Conselho Curador
Formado por 12 representantes do governo, seis dos empregados e seis dos empresários, o Conselho Curador é responsável pela administração do FGTS. Representante da Força Sindical, Ramalho Júnior diz que, na prática, quem manda é o governo, por ter maioria e a presidência, ocupada pelo ministro do Trabalho, o que garante voto de minerva. Flávio Azevedo, indicado da Confederação Nacional da Indústria (CNI), concorda. Diz que o máximo que os demais membros fazem é “vigiar”. Ele não defende melhora nos rendimentos das contas, mas rebate a tese de que os empresários se beneficiam do saldo menor, sobre o qual incide a multa de 50%, paga quando demitem seus empregados.
— Para os empresários, essa questão da multa não alteraria muito. O que questiono é se é melhor não ter esse prejuízo, mas pagar mais pelo financiamento habitacional e reduzir o acesso à casa própria — afirma Azevedo. Dono de um saldo de R$ 30 mil no FGTS, o analista de sistema Jessé de Almeida, de 51 anos, diz que já está com tudo pronto para ir à Justiça.
— O governo devia usar os impostos que pago e não o meu dinheiro para fazer seus investimentos. Estou perdendo uns R$ 20 mil e vou brigar, porque quando deixo de pagar imposto o governo me cobra e com multa e correção. Para administrar os cerca de 250 milhões de contas do FGTS, a Caixa recebeu, no ano passado, R$ 3,3 bilhões, valor que representa mais de metade do lucro líquido do banco em 2012 (R$ 6,1 bilhões), e supera os R$ 3,1 bilhões gerados pela multa adicional de 10%, cuja manutenção foi alvo de queda de braço entre governo e empresários.
— A Caixa recebe 1% do ativo do Fundo para ressarcir o custo de administração, e isso foi aprovado pelo Conselho Curador. Não tem nada a ver com multa adicional de 10% — afirma Gomes, superintendente da Caixa.
Procurado, o Ministério do Trabalho não atendeu ao pedido de entrevista.