Após a morte do irmão gêmeo, o menino Heitor Ledo Rocha Brandão, de 5 anos, tem apresentado melhora no estado de saúde no Hospital Materno Infantil (HMI), emGoiânia. Desde a cirurgia de separação de Arthur, esta é a primeira vez que o siamês fica 24 horas sem febre, além de não precisar da ajuda de aparelhos para respirar, segundo o médico Zacharias Calil, que coordenou o procedimento.
“Só de ele ter saído do tubo é um bom sinal. Ele está respirando com o oxigênio de apoio e isso significa que o organismo está reagindo”, disse o cirurgião pediatra, neste domingo (1º).
O médico contou que, após a retirada dos tubos de oxigênio, no sábado (27), Heitorfez sinal de positivo com a mão para os médicos. Apesar da melhora, Calil reforça que o estado de saúde do menino ainda é considerado grave. O garoto segue internado naUnidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do hospital.
Heitor foi separado do irmão na última terça-feira (24). Três dias depois, na noite de sexta-feira (27), Arthur sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu. O corpo do menino será sepultado nesta tarde na Bahia, onde mora a família dos pais dos gêmeos, Delson e Eliana Brandão.
Até este domingo, Heitor não sabe da morte do irmão. Os pais decidiram contar o ocorrido para o filho somente quando ele estiver com um quadro clínico mais estável.
A família está muito abalada com a morte de Arthur. Delson postou nas redes sociais homenagens ao filho. Ele escreveu que este é o momento “mais doloroso” que já passou e agradece ao menino por ter transformado a vida deles.
A morte do menino também comoveu a equipe médica do Hospital Materno Infantil.“Era como se fosse alguém da minha família”, disse Calil, que acompanha os garotos desde o nascimento.
Siameses
A mãe dos siameses se mudou de Riacho da Santana para Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram no Nordeste.
Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália. Desde que nasceram, eles eram preparados para a cirurgia de separação. Os siameses passaram por 15 procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano.
A cirurgia de separação durou mais de 15 horas e envolveu 51 profissionais. Os médicos informaram que o procedimento transcorreu dentro do esperado. Inclusive, eles tiveram uma boa notícia, pois, diferentemente do que acreditavam, cada um dos gêmeos tinha um intestino, uma bexiga e uma vesícula.
Horas antes de Arthur morrer, a mãe e o pai visitaram as crianças e viram Heitoracordado pela primeira vez. Eles se emocionaram ao ver o filho abrir os olhos e chamar por Arthur. “Fiquei muito emocionada, sem palavras. Não dá para descrever tamanha emoção, apenas sentir. Não esperávamos vê-lo acordado. Quando chegamos e falei o nome dele, ele abriu os olhos. Levei-o para ver o Arthur e ele jogou beijos para o irmão, que estava dormindo”, contou.
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