Sem conseguir falar, o gêmeo siamês que sobreviveu à cirurgia de separação, Heitor Brandão, de cinco anos, escreveu um bilhete para o médico que o acompanha diariamente, Zacharias Calil, e disse: ‘Zaca, eu to bem’.
O pequeno paciente continua a lutar pela vida após ser separado do irmão gêmeo siamês Arthur no final de fevereiro.
O estado de saúde de Heitor continua grave, porém estável, segundo o último boletim médico divulgado na manhã desta quinta-feira (12).
Heitor está consciente e seu intestino, que havia paralisado no domingo (8), volta a funcionar aos poucos. Respirando com o auxílio de oxigênio inalatório, Heitor voltou com a dieta líquida na manhã de quarta-feira (11).
O garoto segue internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica doHospital Materno Infantil (HMI). Na manhã de terça-feira (9), a equipe médica chegou a retirar os aparelhos respiratórios, mas Heitor não reagiu bem e precisou ser entubado novamente, já que o pulmão direito não estava funcionando normalmente.
Separação
Os gêmeos eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado e genitália e foram separados no último dia 24 de fevereiro. Desde que nasceram, eles eram preparados para a cirurgia de separação.
Os siameses passaram por 15 procedimentos cirúrgicos, entre eles alguns para implantação de expansores no corpo para que tivessem pele suficiente para a separação. Os meninos só alcançaram as condições necessárias para a cirurgia neste ano. Três dias após o procedimento, o irmão de Heitor, Arthur Rocha Brandão, morreu, no dia 27 de fevereiro, em decorrência de uma parada cardíaca.
Segundo o pai dos gêmeos afirmou no último dia 2 de março, o filho sobrevivente não perguntou mais do irmão após sua morte. Em um texto postado em uma rede social, ele diz acreditar que o filho “sabe ou sente” que o irmão não está mais ali e que só vai contar o que ocorreu quando Heitor questionar onde está o irmão.
Caso
Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, a mãe dos siameses,Eliana Ledo Rocha Brandão, veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora emGoiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuaram noNordeste.
Antes da cirurgia, Eliana afirmou que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuíam nenhum problema cognitivo. Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia, segundo a mãe. “Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro”, disse a mãe antes do procedimento.
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